TUA FANTASIA

Havia um tempo em que eu lia em tua voz
Tudo aquilo que pensava que de mim escondia
Teus segredos e mentiras eu sabia de cor
Até mesmo aqueles que você nem desconfia...
Há algum tempo eu deixei de me importar
Com o que você faz ou que um dia fazia...
Agora é tempo da minha vida arejar...
E farei tudo o que com você não fazia...
Da tua amargura eu vou me libertar...
Vou amanhecer em intensa alegria...
Daqui um tempo tudo vai passar
Teu nome pra mim será tão só nostalgia...
E se eu te vir numa mesa de bar
Que esteja junto a boa companhia
Com um breve aceno vou te cumprimentar...
E com um leve sorriso te desejarei um bom dia
E se a saudade o teu coração balançar
Finja que pra você eu só fui fantasia...

sukie hikari

CULTIVAR A VIDA PARA COLHER A MORTE

Havia um tempo em que a morte , pra mim, não era uma preocupação real...
Eu a encarava como circunstancial, acontecimento inerente ao ser humano
Nascer, viver morrer...
Eu acreditava que se uma pessoa procurasse agir com justiça e fosse fiel à sua essência, poderia morrer tranquila... Tanto faz se descansasse no sono eterno ou reencarnasse ou virasse um eterno anjo...
Aí, vivenciei duas experiências que eram como um convite para a morte...
Apesar de tudo, difícil morrer... Sempre há um anjo bom que nos trilha de volta...
Nas duas vezes, eu ouvia uma voz doce e carinhosa que dizia: Respira... Você precisa respirar... Calma... Respira fundo... E me ensinava como respirar...
O corpo saiu daquela moleza e cá estou eu, com a convicção de que morrer não é tão fácil assim...
Além disso, eu acreditava que morrer seria a quietude, o descanso final...
E eis que caíram nas minhas mãos alguns filmes que me fizeram repensar o que é morrer...
O primeiro deles era um filme na linha budista, que retratava os ciclos da vida como estações do ano... “Primavera, Verão, Outono, Inverno e Primavera”... Aliás, era esse o nome do filme... Mais do que a morte física, tratava-se da morte de situações, coisas que nascem e morrem dentro da gente e que se renovam... Situações cíclicas que dependem mais dos atos dos seres humanos do que de fatalidades... Herança de costumes e de crenças que interferem na continuidade cíclica da vida, onde sempre estamos errando e aprendendo...
O outro filme interessante foi: “As Cinco Pessoas Que Você Encontra No Céu”... Me fez pensar que levamos muitas mágoas na vida, culpamos terceiros por nossa infelicidade, e apesar de sermos comunitariamente bons, há coisas que fazemos por obrigação moral e não por simples voluntariedade genuína ... Assisti também “Nos Tempos Em Que Eu Vivia”... Aliás, chorei litros... O personagem tinha uma índole muito boa e quando teve que escolher entre morrer ou viver, optou pela vida apenas para fazer felizes as pessoas que o queriam por perto, mesmo sabendo que ele seria praticamente dependente de tudo... Só lhe restou o pensamento ...
Por fim, assisti: “Um Olhar Do Paraíso” e o que me chamou a atenção foi o quanto o sentimento da raiva e do ressentimento atrasam o nosso caminhar...
Nos filmes, as pessoas eram apegadas às suas dores, a suas mágoas, rancores, aos seus amores, às situações não resolvidas e isso as impediam de prosseguir para o descanso eterno.
Enfim, não contei detalhes dos filmes para não dar spoilers... Apenas relato os sentimentos, em mim, despertados...
Pois bem... Juntando tudo isso, meu pensamento atual sobre o ato de morrer, simplesmente deu tilt...
Fez-me pensar que essas pessoas que, mesmo padecendo de muito sofrimento, têm uma sobrevida longa; elas o fazem, nem tanto na esperança de voltarem a ter uma vida normal...Essas pessoas o fazem para aplacar o sofrimento das pessoas que ficariam sem rumo na sua ausência...
Outra constatação é que nem doenças e nem ciclos de vida familiares estão relacionados exclusivamente à hereditariedade... Tudo depende da nossa índole e de como conseguimos mudar nossos hábitos e o modo como enxergamos a vida. As situações podem se repetir, porém não se faz mister que a ação sobre elas se repitam... Cada um define o seu próprio ciclo de vida...

E por fim... É preciso treinar o desapego...
Não será possível trilhar nossos merecidos caminhos se nos apegamos a mágoas passadas, se deixamos a raiva nos dominar, ou se deixamos de realizar nossos planos para ajudar no sucesso dos outros...
A conclusão que tiro de tudo isso é que morrer é tão complicado ou mais do que viver...
Saber cultivar a vida é também, plantar sementes para uma boa colheita da morte...

SOB MEDIDA PARA TI

Esse vazio no teu peito é parte de ti que depositaste em meu coração
Não o tranque a sete chaves, sem antes resgatar me por inteiro
Dá uma chance para eu te ensinar a aceitar o amor...
Deixa eu ser o calor do sol nas tuas noites frias
A calmaria do céu nos teus dias tão ocupados
Tira o peso dos teus ombros e descansa em meu colo
Não desiste de querer me e não te esquece do que sonhaste para nós...
Eu fui feita sob medida para ti e sei o quanto me queres...
São teus os meus sorrisos ensolarados com cheiro de manhãs...
Olha-me com estes olhos de estrelas que me iluminam de paixão...
Sussurra segredos em meus ouvidos, que só contaste para a lua
Ofereça me uma braçada de flores e não esconde que me amas
Beija-me a alma, pega-me as mãos e as coloca junto ao teu coração.

sukie hikari

SONETO DO FIM

Eu poderia te pedir para estar ao meu lado...
Dizer que quero teus beijos na madrugada
Me aninhar no calor dos teus abraços
Olhar a dança de estrelas em teus olhos...
E sentir meu coração em cirandas com o teu...
O relógio me conta as horas dos dias,
Em incontável agonia a esperar um aceno teu...
Não te pedi garantias, nem álibis para as noites frias
Poderia pedir que me tivesse amor por um tempo
Poderia tantas coisas, até mesmo te fazer feliz...
Acalma o teu coração... estou desistindo de nós...
Vou apagar tuas lembranças, amargas demais para mim...
As canções dedicadas a você, são agora, um soneto do fim...


sukie hikari

VEJO-ME EM TI E A TI, EM MIM

Amo-te, plena e calma
E ao recostar-me em teu peito
Silencio a minha alma
Afago teus cabelos e beijo-te os olhos
Coração transbordante de felicidade...
Passas a mão no meu rosto
E beijo-te na mão, a palma...
Amo-te nas boas coisas que vejo em mim
E vejo-te em mim, naquilo que me faz melhor...

Sukie hikari

PASSAREMOS

Quando você se foi o tempo se arrastou...
O sol brilhava lá fora, mas era chuva no meu coração...
As pessoas diziam o quanto você sentia estar longe de mim
Será que elas sabiam que foi você quem quis assim?
Aposto que está em outros braços, feliz com um novo amor...
Seja feliz ,então...
É bom que não se lembre dos nossos momentos...
Assim será mais fácil eu sorrir e seguir adiante...
Sem olhar pra você, sem olhar pra trás...
Meu coração não se arrepende de ter te amado tanto..
Meus lábios não se cansaram de convidar os teus...
Um dia te amei e é triste pensar que aos poucos
Pouco a pouco tua imagem não será tão nítida...
E nem o meu pensar sonhará com o teu...
Eu passei, tu passarás, nós passaremos ...
E os outros... passarinhos...

Sukie hikari

PRECIOSA

Pouca coisa se tinha a fazer, tanta coisa tinha a se perder
Tudo que era esperança, confiança e planos ,ficaram pra trás...
Ficaram as lembranças e a certeza de ter que prosseguir
Difícil deixar quem se ama pra trás...
Mais ainda pra quem fica do que quem vai...
Complicado aceitar que é preciso partir pra se chegar a um novo lugar...
De tanta coisa se pensou em levar, muito pouca a se aproveitar...
Partir com tudo preparado ou não, de qualquer jeito, um adeus dói demais...
Dói e o que mais machuca é não poder abraçar nunca mais...
Nem tentar escutar um sorriso que já não ecoa no ar...
Dizer adeus é também uma arte...
É fechar o ciclo, deixar pra trás o que ficou e seguir em frente...
É preciso não sentir falta e nem se lamentar pelo que passou ou pelo que se deixou passar...
A vida é preciosa, tão rápida, tão frágil, tão rara...

ESPERA

Tenho aqui um banho morno preparado para ti...
Quero tirar-te este olhar cansado, pois em minha morada, és rei...
Não quero que te apresses...Aproveita a caminhada...
Junta as flores em braçadas e as traga para mim...
E se ouvir o canto do bem-te-vi, saibas que meus pensamentos estão a te acompanhar e a te proteger...
Se a noite chegar, guia-te pelas estrelas e aconselha-te com o Luar...
Vem com o coração tranquilo, pois já sabes o caminho...
Trás as novidades da tua caminhada e depois me conta junto à lareira
E juntos atiçaremos o fogo e alimentaremos o nosso sonhar...
Ouvirei teus passos e correrei para ti, feito a primeira e a última vez a te ver

Sukie hikari

NÃO TE IMPORTES SE EU CHORAR

Te levo dentro de mim, mas preciso tanto te ver
Mesmo que seja pra dizer que não me queres...
Tantos quilômetros estão a nos separar
Impossível ouvir a minha voz a te chamar
Se um dia fui a razão da tua vida, já a perdestes, talvez...
A minha foto na tua agenda não tem mais data pra ser olhada
Até as marcas que deixei em teu coração em rastros de beijos
O tempo apagou , tal qual meu nome naquela pedra, em giz
Olha a minha imagem e lembra como gostavas de sorrir pra mim...
Não me deixes numa gaveta, ou num canto, numa moldura
Não te importes se eu chorar...
Só me dá uma resposta, mesmo que seja pra dizer adeus
Pra que eu saiba que já não me sentes mais, que fiquei pra trás...

CONCERTO A QUATRO MÃOS

Tu bem sabes o que fazem para ti
Só não sabes das minhas, abertas a esperar-te
Elas podem se entrelaçar nas minhas
Podem se tocar de leve, brincando de carícias
Ser um porto seguro e se apertarem bem forte
Já percebestes o calor amoroso que delas emanam?
Podem nos tocar por fora e nos sentir por dentro
Nos descobrir bonitos ao revirar do avesso
Fazer-nos especiais sem nenhum pretexto
Derreter barreiras e através do corpo, visitar a alma...
As tuas e as minhas mãos a desvendar segredos
Corsários a mapear caminhos e a encontrar tesouros
Procurar trilhas secretas e descobrir oásis e paraísos
Transformar vendavais em brisa e em calmaria
As tuas e as minhas mãos...Duetos e às vezes quarteto
Às vezes concerto, às vezes soneto...
Trazendo o belo pra fora, do que era feio por dentro
Fazendo da esperança passiva, a fé, em pleno movimento.

Sukie hikari