A NATUREZA CHOROU, DE JOELHOS

Teve um dia em que a Natureza acordou triste e cansada...
O sol se fechou entre as nuvens e elas escureceram...
O vento soprou nervoso, sibilando entre as copas das árvores,
Que tentavam manter suas raízes ao solo, em vão...
Em alvoroço, os homens procuraram o abrigo de suas casas.
De repente um raio cortou o céu negro, num clarão pavoroso
Fez-se presente a voz de um trovão em graves notas de fúria.
O vento parou, nuvens negras pairaram abafadas, sobre a Terra
Nesse momento, como que de joelhos a Natureza chorou...
A sua tristeza inundou a Terra formando rios caudalosos...
Varreu para longe o concreto que lhe impuseram como manto.
Derrubou encostas como se pedisse respeito, dignidade...
Chorou em silêncio, dias inteiros e ninguém ousou interromper...
O que se ouviu, foram invenções humanas em protesto...
Concretos levados por enxurradas, casas destelhadas
Pontes derrubadas, carros à deriva, homens em desolação!
A Natureza chorou e nem secou seu pranto... Nada mais a comoveu...
Em todo lugar, até onde a vista pudesse alcançar, apenas o caos...
E homens choraram suas perdas, perdidos em seus pequenos mundos
E nem perceberam que o pranto cansado e desiludido da Natureza
Foi porque no coração dos homens, o amor à Natureza morreu!

SEM PRESSA

Meu caminho é leve e tem o cheiro do orvalho da manhã
Nem sempre sei para onde vou, só sei que vou...
Agrada-me a certeza que tenho em meu caminhar...
Nem certo, nem errado. Tudo em seu ajuste perfeito!
O calor do sol na pele e o suor que escorre a cada esforço
A brisa que revolve meus cabelos e brinca com a minha pele
O sorriso amistoso ao passar por um desconhecido na rua
A lágrima comovida junto a um abraço de amor e de saudade
Não tenho pressa de chegar e por isso chego devagar...
E ao chegar me delicio com novos sons, sabores, aromas e cores...
Coração caloroso e braços abertos, rodopiando com o vento
Entrego-me emocionada à intensidade da vida e nada me apressa
Sigo confiante por que sei que há um tempo e lugar de ser feliz...
Minha vida é serena e tranqüila. Deixo a felicidade me encontrar...

DERRADEIRO POEMA

Haverá um dia em que eu não mais precisarei falar
Todas as palavras estarão expressas no meu olhar
Estarei tão plena e tão serena, que hei de querer
Em silêncio de pura contemplação, apenas observar
E será assim, meu singelo e derradeiro poema:
Em silêncio, onde cabem todas as palavras.

UMA NOVA CHANCE AO HAITI

Fiquei olhando por muito tempo essa cruz com o Cristo crucificado entre os escombros por muito tempo!
Penso se ao se deixar crucificar, Cristo não tenha pensado: se queres ser cruéis, o sejam no máximo de vossa crueldade, porque tanto mais cruéis fordes, maior efeito terá a minha ressurreição entre vós!
Dentre os escombros, o que há de ressuscitar? Cidadela levante-se! Recomponha-se em toda a sua plenitude! Acorde o mundo com sua voz... Talvez dessa vez, ouçam o seu clamor de dor!
Dê chance ao mundo a ressuscitar o amor ao próximo e a valorização de atitudes como solidariedade, altruísmo e amor!
Após o caos, há sempre uma bela oportunidade de edificar algo novo!
Não será apenas uma simples reconstrução!Será o início de uma nova cidadela!
É uma oportunidade única de iniciar, diferente, melhor!
Limpar os escombros, como que deixando para trás um passado sombrio.
Edificar com alicerces e estruturas sólidas, uma nova cidadela que abriga seus filhos!
Incrustar nas paredes as jóias preciosas da solidariedade vindas de todas as partes do mundo!
Colocar no centro da cidadela o amor, que é de onde se origina a justiça e a igualdade.
Haiti! Que de ti erga-se nova cidadela aos olhos do mundo e que o mundo possa se orgulhar de ti! Que no coração de todos seja plantada a gratidão, motivo de abraços a grandes causas!

O ÚLTIMO AMOR

Não foste para mim meu primeiro amor…
Não chegaste entre sonhos e devaneios...
Vieste em calmaria, num amor comum...
Amor de dia a dia, maduro, sem ilusões...
E quero-te assim até meu último suspirar...
Mesmo que não o sejas, tratar-te-ei assim...
Como o último dos meus amores!
Adoçarei tua boca com o puro mel das flores...
Beijarei teus olhos sempre, em oração,
Para que conservem este carinho em teu olhar...
Cuidarei para que teu coração acelere em aviso
A cada vez que eu me aproximar...
Terás meu primeiro suspiro ao despertar...
E o calor do meu sorriso será contigo
Em todos os segundos do teu dia
Esperarei ansiosa pelo teu regresso
Meu abraço será para ti, aconchego
Meus beijos, as tuas certezas...
Nossas noites serão plenas, sem pressa,
Com o sabor inesquecível da última vez!
E serás para mim, o meu último amor!

MEU LINDO DESTINO

Quando eu nasci, o universo soprou-me aos ouvidos
Em segredo, todo o meu lindo destino bordado em flores
Ganhei um anjo para ajudar-me com meu destino brilhante
E veio de brinde, um pretensioso, mas sábio grilo falante.
Terás o mais belo dos destinos, mas não tirarei de ti
A oportunidade das escolhas de teu caminho.
Teu caminho poderá ser alegre ou triste, justo ou injusto,
Reto ou cheio de curvas, dependendo de tuas escolhas!
O que é de ti é somente teu, mesmo que demores a aceitá-lo
Teu destino será lindo! _ decretou o universo!
Serei tua companhia onde quer que vás e te protegerei
Mesmo nos dias em que me deixares porta afora, na chuva...
Em minhas asas poderás voar em sonhos e ilusões...
Serei teu companheiro e não te julgarei jamais!
Quando precisares, minhas asas serão teu abrigo
Estarei sempre do teu lado _ disse o anjo.
Serei para ti como uma bússola que te guia
Seja qual for o caminho que escolheres...
Poderás alongar ou desviar teu caminho,
Cair, te machucares, mas jamais estarás perdido!
Terás o caminho de volta se assim o quiseres.
E sempre o encontrarás em ti _ disse o grilo.
E estou aqui, emocionada, entre o bordado de flores...
O universo não me segredou todo o meu destino...
Deixou para mim a mais bela das descobertas!
Junto com as flores, vêm seus perfumes e suas cores...
Têm abelhas colhendo seu néctar e fabricando doces favos de mel.
E passarinhos em revoada com seus lindos trinados vêm passear.
Ouço até barulhos de água que podem ser de riacho, de rio ou de mar.
O sol aquece meu coração sereno que dança em espirais, rumo ao céu.
A lua embala meu sono e vou até as estrelas brincar de cirandar!

A CANÇÃO QUE EU CANTO

Canto meu canto triste, sozinha num canto, coração apertado, chorando
Canto meu canto alegre, rodopiando pelos campos em flores, sonhando
Canto meu canto de amor, respirando a lua, apaixonada, te chamando
Canto meu canto de guerra, bandeiras ao vento, corajosa, batalhando
Canto meu canto de paz, braços estendidos, coração aberto, abraçando
Canto em todos os cantos para que de meu canto a vida se encante
Sou triste, alegre, apaixonada, corajosa, de coração aberto e encantada...
A vida me seduz, me encanta e compõe tão bem as canções que eu canto!

CANÇÃO DO POR DO SOL

Vem caindo a tarde e o sol se veste de vermelho
E lá no horizonte, de encontro ao mar,
Apronta-se para a partida derretendo-se todo pra lua
Os tuiuiús cantam pela sua partida para que volte
Com seu majestoso e caloroso abraço amanhã!
Os animais se acasalam, os pássaros vão para os ninhos!
Ao longe nas igrejas o badalar dos sinos e uma ave-maria!
Amigos se encontram pra uma cervejinha...
As crianças se despedem, depois de jogar amarelinha...
Mais um lindo fim de tarde que se foi!
E no tapete vermelho que o sol deixa em seu rastro
Vem a lua majestosa com seu séquito de estrelas
Acompanhada das canções dos grilos e das cigarras
Nas noites de verão, onde dançam os vagalumes
Até o despertar do sol numa nova manhã!

CONFLITOS DA SOLIDÃO?

Nasci só! Muita festa, muita alegria...
D o mais profundo de mim saiu o primeiro suspiro!
E doeu a dor de quem se sabe só colocada em um mundo coletivo
Nunca fui criança o bastante para brincadeiras pueris
Nem jovem demais para namorar, nem velha demais para descansar!
Sempre fui só! Nunca no meu tempo! Sempre antes ou depois!
Sou só, mas não sou solitária! Eu e a solidão somos cúmplices!
Entendemo-nos bem, até no meio da multidão
Não há conflitos entre mim e a solidão.
Há sempre o conflito entre os outros e nós...
Que se incomodam tanto com nosso jeito só de ser!
Somos cúmplices! Sós, mas não solitárias!

ENCONTRA O AMOR

Coração sangrando grita de dor...
Dor desesperada, de quem já o teve
Rasgado em mil pedaços
Dor estilhaçada, onde cacos minúsculos
São difíceis de recompor
Meu coração sangra e minha alma chora
Nos olhos nenhuma lágrima
Estão desertos, ressequidos de amor!
Ah... Minha alma chorosa!
Mergulha funda em si mesma
Vasculha o meu coração
Encontra o amor lá esquecido
Preterido que foi pela paixão!
Devolva-me a calmaria,
Retira de lá essa agonia
Dá-me o porto seguro
De que só o amor é capaz
Revira meu peito do avesso,
Limpa esse lamaçal de dor
Que eu amanheça tranqüila
Alma e coração renovados
E volte ser íntegra e entregue
Ao êxtase do puro amor!

LUA SOTURNA

Não quero da lua seu encantamento
Nem quero seu brilho, seu falso clarear
Que se afogue no mar em seu próprio reflexo
E jamais, nenhum ser possa enfeitiçar...
Lua nebulosa, iludiu-me com seu espectro a visão!
Fez-me um ogro, príncipe errante enxergar!
Não quero sua aquiescência nem melancolia.
Deixa-me só, na escuridão a caminhar...
Não me iludas com teu brilho soturno...
Aqui já não há lágrimas a consolar...
A realidade é crua, é escura...
E prefiro que seja ela a me acompanhar!

UM DIA SEREI CRIANÇA

Quando eu for criança, quero olhar pras pessoas
E acreditar que a ternura jamais me faltará...
Despreocupada, quero brincar inocente,
Sabendo alguém diligente ao meu lado
Sempre a me guiar e a me acompanhar...
Quero despreocupar-me com o tempo
Soltar pipas ao vento, subir em pés de amoras
Comer algodão doce e brincar de lenço atrás...
E logo à noitinha, ajoelhar-me contente
Juntar as mãozinhas apressada,
E com pureza infinita, aos anjos pedir proteção
Quero a grandeza de um tempo,
Onde um machucadinho é um problema
E um sopro e um beijinho, uma mágica solução!
Um dia serei criança em todas as horas do dia
Não só por uns minutos, mas também quando nada fizer!
Meus olhos sorridentes se encherão de alegria...
Desde o alvorecer até o entardecer do dia
Terão o brilho encantado, cristalino e extasiado
De uma criança eterna e curiosa aprendiz!

SOL E LUA

Sol glorioso, todo poderoso, enamorado da lua
Ao vislumbrar vaidoso, a sua pálida e adorada lua
Apaixonado, em vermelho, derreteu-se no mar...
Nem percebeu que adormeceu e deixou-se afogar
Deixando um rastro de amor e de fogo no mar!
A lua pálida, emocionada e trêmula se comoveu,
Chamou os guardiões estrelares para velar o sono do sol...
Contente, de manhã, radiante, o sol renasceu...
Brilhou tanto, que a todos ofuscou!
Fez o dia amanhecer em todo seu esplendor!
Ninguém soube, ninguém viu, onde a lua foi parar...
Dizem que em seu abraço terno, a Lua, o Sol escondeu
E pediu aos guardiões que fossem descansar!
Lua feiticeira, faceira, abraçada ao Sol...
Sentiu-se enfeitiçada e não mais quis se soltar!
Sol de sorriso brilhante, deixa-se morrer num instante
Para a sua adorada Lua, fazer sonetos com as estrelas
E à noite, soberana, também um pouco, brilhar

PRELÚDIO

Água tépida, essência de baunilha, pétalas de rosas e jasmim...
Sais de banho, óleo de amêndoas e velas perfumadas...
Trilhas de aromas, sabores e sensações para que venhas...
Mergulho nesta água que me abraça e impregna minha pele
De sabores e perfumes, misturados ao suor dos meus poros
Que exalam cheiros de desejo e paixão desenfreados...
Disponho-me assim, para que tenha de mim a mais doce sensação.
Uma infinidade de sabores a aguçar o teu olhar, teu paladar...
Chega, então, sem pressa e bebe-me com os olhos...
Faça da minha transpiração emocionada, o teu alimento!
Intimidade urgente anunciando prazeres, mar de sensações...
Prelúdio da nossa apaixonada sonata lasciva de amor!

PREPARAÇÀO

Hum... Espreguiço-me, hora de acordar!
Abro a janela e uma leve brisa vem me saudar
Com o cheiro das rosas orvalhadas da manhã!
Os pássaros cantam nos galhos das árvores...
Meu coração está feliz, em paz!
Escolho um vestido colorido, uma sandália
E cantarolando, saio pra comprar o pão!
No caminho, sorrisos de bom dia, cheiro de café...
Ah... Esse dia tem tudo pra ser muito bom!